Trabalhar no Canadá exige adaptação dos imigrantes
Posted by José Francisco V. Schuster em 21/02/2009
Entre as tantas mudanças que sofre a vida do imigrante que chega ao Canadá, uma que é menos conhecida dos recém-chegados são as diferenças culturais no trabalho. Contudo, adaptar-se a elas é essencial para o sucesso profissional. “O ambiente de trabalho no Canadá segue um padrão anglo-saxão de comportamento, derivado da ética protestante dos colonizadores, e que não é multicultural”, alertou o consultor em carreiras Hewton Tavares, que liderou na última sexta-feira o workshop “Diferenças Culturais no Trabalho”, realizado pelo Centro de Informação Comunitária Brasil-Angola, sediado na Casa São Cristóvão, localizada na esquina da Ossington com a Dundas West. CONTINUA…
Tavares, que cursa o mestrado em Educação da Universidade de Toronto, afirmou que um dos principais choques para os brasileiros no Canadá é a cultura do “faça você mesmo”. No Brasil, comparou, dependendo da posição de trabalho, a pessoa se sentiria inferiorizada se tivesse que fazer tarefas como atender o telefone, passar fax ou fazer cópias. “Aqui, tem-se que fazer tudo, e isso não diminui a pessoa”, diz o consultor. “Não é que seja melhor ou pior, é apenas diferente”, frisou.
Outro ponto que surpreende os brasileiros que ingressam no mercado de trabalho canadense é a diferença na comunicação oral e escrita. “No Brasil, interromper quem ainda está falando o final da frase não é falta de educação. Pelo contrário, até mostra entusiasmo. Aqui, tem que esperar a outra pessoa terminar de falar”, explicou ele. Já a comunicação escrita não tem regras tão rígidas no Brasil. No Canadá, é preciso seguir uma rotina de a cada carta incluir “dear”, dizer que foi um prazer conhecer a pessoa, terminar agradecendo pelo tempo da pessoa e dizendo que espera contactarem-se novamente. Os brasileiros surpreendem-se ainda por receberem menos ordens explicadas verbalmente, sendo mandados consultar sítios na Internet para detalhes. Além disso, a observância da pontualidade é mais rígida no Canadá, inclusive nos intervalos para almoço, não sendo aceitos atrasos na volta da refeição, como no Brasil.
Apesar de tantas diferenças, Tavares recomenda aos imigrantes para que as mudanças não afetem sua vida tão profundamente a ponto de perderem a própria identidade.”É preciso adaptar-se, mas também não oprimir-se a ponto de deixar de ser você mesmo, para não perder-se”, concluiu
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